27.2.09

Como falar sobre Second Life com as outras pessoas?

A pertinente pergunta foi lançada por Wagner James no seu blog, depois de ler o que escreveu Joe Essid aka Ignatius Onomatopoeia: 'Conselhos para Educadores que usam SL ao falar com os seus colegas que não usam SL'!

Esta é seguramente uma questão em que já todos os professores que utilizam Second Life já colocaram, ao constatar como, inconscientemente, o seu discurso por vezes se torna hermético e incompreensível para o interlocutor que não domina a linguagem.

Os quatro conselhos de Essid, considerados como essenciais para que a comunicação se processe:

"Evite usar o termo 'residente' com os seus colegas!
Eu gosto da expressão quando estou a falar ou a escrever com quem conhece bem SL, porque ela explica bem a experiência da imersão e a sensação de que o metaverse é um lugar. Mas 'residente' pode ter uma conotação com algum tipo de doença mental.

Evite o calão e as suposições quando está online!
'Rez' e 'prim' e 'lag' dificilmente serão expliacados aos novatos. Mas as ideias que temos sobre o que é este mundo virtual podem ser ainda mais nocivas quando mal utilizadas. Uma vez com os meus alunos, depois de uma visita, dirigi-me aos anfitriões e escrevi 'os meus alunos que estiveram neste evento não voltarão a ver SL como um jogo'. Todos os avatares perto de mim - antigos residentes de SL - leram a palavra 'jogo' e atacaram-me verbalmente. Fiquei deveras furioso, talvez a ocasião em que fiquei mais zangado em SL.

Evite tanto o sensacionalismo quanto a negação!
Os conteúdos indesejáveis ou desagradáveis, bem como os problemas técnicos existem ao mesmo tempo que as experiências educativas efectivas. Toda a Internet vive nesta dialética. Eu explico isso aos meus colegas e admito que SL é ainda uma tecnologia recente.

Evite o mito da inevitabilidade!
Gostei muito de ouvir da boca do nosso anfitrião na última mesa-redonda, um bibliotecário notável que trabalha in-world, que não devemos andar por aí assumindo que SL e outros mundos serão bem sucedidos rápida e facilmente. Por a sua utilização nos ser intuitiva, não devemos concluir que também o é para os outros..."

As curiosas palavras de Joe Essid trazem-me à memória um livro que li há alguns (bastantes) anos sobre a vida de Steve Jobs, e em que o visionário de Silicon Valley brilhantemente defendia a Apple, 'evagelizando' os utilizador de MS-DOS e, mais tarde, de MS Windows.

No entanto, tudo o que para Jobs era evidente (e como era - e ainda é - bom ouvi-lo no lançamento de um novo gadget) nem sempre era claro para os ouvintes! Não por não concordarem com as suas ideias, mas simplesmente porque, muitas das vezes, nem sequer entendiam o que Jobs dizia... (lembram-se de um super-projecto de nome Next? Talvez por isso os projectos de Jobs sempre foram fracassos comerciais).

Ou seja, é gratificante ouvir alguém falar apaixonadamente daquilo que gosta, é fantástico falar com emoção daquilo que se preza, mas, sem algum cuidado, a emoção e a paixão esfumam-se em dois tempos: moderação, modéstia e clareza são bons conselhos deixados por Joe Essid aos utilizadores e defensores de Second Life!

25.2.09

Redes Sociais crescem brutalmente na Europa e em Portugal...

Numa altura em que a utilização e a adesão às redes sociais se tem estendido à cibercidadania em sentido lato (e afastada que está a imagem de redes dedicadas a adolescentes, hedonistas e exibicionistas como Hi5 ou Orkut), a comScore (que pretende 'medir' o mundo digital) publicou alguns números sobre a utilização das redes sociais numa boa parte dos países europeus, comparando os números de 2008 com os de 2007, para o que o blog 233grados também chamou a atenção.

O crescimento verificado é muito significativo, sendo Portugal o 3º país na percentagem de utilizadores de redes sociais atrás do Reino Unido e da Espanha.

Se é difícil encontrar uma lógica para a penetração das redes ditas 'sociais' nos diversos países europeus (não são mais os mediterrânicos, não são os mais 'desenvolvidos' tecnologicamente, não são os maiores em área ou em população,...), mais difícil ainda é compreender o alheamento de sectores mais 'info-desenvolvidos' em relação a estas redes.

Mais do que alheamento, a reacção mais imediata é a de desconfiança face a um meio alegadamente dedicado a futilidades, mas onde, sem grande esforço, conseguimos ter acesso a informação preciosa e à partilha de ideias com pessoas/personagens habitualmente inacessíveis.

Só isso, para mim, basta!

22.2.09

'Contrato' e 'Second Life'

Em véspera da entrega dos Óscares da Academia, decidi ir ver o 'Contrato'!
Confesso que ainda não sei bem porquê, uma vez que já tinha visto 'Second Life'...

Imaginava o filme de Nicolau Breyner uma espécie de 'falso gémeo' do filme de Alexandre Valente, ou vice-versa. São de facto igualmente maus!

Porque é que em dois filmes, rodados na mesma altura, Nicolau faz de milionário invisual, num deles de origem italiana (o que lhe deu para treinar a língua) e no outro de origem cipriota (não se sabe se da parte turca ou grega, porque o actor não diz nada no seu idioma de origem)?

Porque é que em ambos os filmes existem personagens estrangeiras que 'obrigam' à utilização de outros idiomas e à consequente legendagem?

Porque é que em ambos os filmes a Cláudia Vieira aparece em destaque, embora num encarne o papel de uma casta italiana controlada pelo papá, e no outro uma enfermeira mafiosa e sensual onde faz valer os seus atributos físicos timidamente filmados? (em Portugal ainda vamos na 'fase do mamilo', uma das fases do desenvolvimento bem explicada por Sigmund Freud)

Porque é que em ambos os filmes se aborda uma relação lésbica, embora um deles seja pretensamente mais ousado filmando Sandra Cóias e Liliana Santos numa cena ridícula de aproximação física (qualquer mulher que goste de mulheres se deve rir da encenação), e no outro apenas se faça alusão à 'devassidão' de Cláudia Vieira numa alegada relação com mulheres?

Porque é que em ambos os filmes os actores são quase os mesmos (embora num deles tenha havido alguns convites-extra a gente de outros 'mundos')?

Estranha, esta vaga cinéfila no início do ano das crises.
Estes também são dois bons exemplos de que anda uma crise enorme no cinema comercial português, precisamente num ano em que a Academia se 'cola' aos realizadores vindos da produção independente (pelo 'efeito Obama'?).
Por um lado, os filmes produzidos por Paulo Branco, por exemplo, suam as estopinhas para juntar umas dezenas de milhar de entradas em cinemas alternativos, enquanto Second Life e Contrato contam já centenas de milhar de espectadores por todo o país!

Alguém me pode explicar tanta coincidência, por favor?

20.2.09

Os media viraram as costas ao Second Life?

A propósito do artigo de Mark Glaser do MediaShift, tomei liberdade de usar o mesmo título que António Granado usou no seu blog Ponto Media: "Os media viraram as costas ao Second Life?"

A minha resposta imediata seria outra pergunta: "Algumas vez os media estiveram 'de frente' para o Second Life?".

Se considerarmos a postura dos media durante o ano de 2006 (o ano do 'boom' de SL) como um investimento sério no mundo virtual da Linden Lab, então teríamos uma resposta positiva à minha pergunta...

Se, por outro lado, se entender que a reacção mediática ao 'fenómeno' Second Life em 2006 foi despropositada, parola e até pouco profissional, então a resposta à minha pergunta seria negativa: de facto os media nunca estiveram 'de frente' para Second Life!

Como (muito bem) refere John Lester aka Pathfinder Linden no citado artigo, "Sempre temos problemas em compreender os novos media, tratando-os inicialmente como os pré-existentes (por exemplo, tratando a web como os media impressos; tratando a televisão como o rádio). Mas depois aprendemos novas formas de olhar para as ferramentas e novas formas delas nos apropriarmos e usarmos."

Nunca, até hoje, e por mais mediática que fosse a iniciativa, vi os media usarem Second Life entendendo a plataforma como um ambiente privilegiado para a produção de conteúdos!
Reuters, CNN, Metanomics, Second Life Herald,..., nasceram de maneiras diferentes, com distintas motivações, mas que nunca resultaram das especificidades do meio e, na maioria das vezes, nem as compreenderam...

Resta-nos esperar que os media, à semelhança do que se passa com os meios educativos, por exemplo, comecem a elaborar projectos que retirem dos mundos virtuais como Second Life algum valor-acrescentado.

Deve estar para breve...

19.2.09

Debate sobre Ensino, hoje, em Second Life

"Aprender a ensinar utilizando Second Life. Second Life como ambiente virtual de Aprendizagem"

É este o tema da apresentação/debate que vai ter lugar em Second Life, organizado pelo Instituto The Graal, e que conta com o seguinte painel:

Apresentação do tema:
António dos Reis - Instituto The Graal, Lisboa

Debate:
Xabier Basogain - moderador - Professor da Universidad del País Vasco
Amélia Sanz - Vice-directora do campus virtual da Universidad Complutense de Madrid
Carlos Castaño Garrido - Professor da Universidad del País Vasco
David Benito - Professor da Universidad de Navarra / Dpt. de Innovación Educativa
Leonel Morgado - Professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Manuel Benito - Sub-director do campus virtual da Universidad del País Vasco
Miguel A. Gómez - Professor da Universidad de Navarra / Dpt. de Innovación Educativa
Rita Falcão - Departamento Multimédia da Universidade do Porto
Sixto Cubo - Decano da Facultad de Ciencias de Educación de la Universidad de Extremadura

O evento terá lugar no Auditório UniHispana em SL, com início às 20:00 portuguesas, e constitui uma boa oportunidade para perceber as estratégias de algumas das universidades ibéricas no que ao ensino com Second Life diz respeito.

18.2.09

De novo Twitter e Blogs...

Na leitura do último post de J.L.Orihuela no seu blog com o título 'Twitter como voz alternativa para los bloggers', reparei na ligação ao blog de Jesus Encinar e ao seu post 'El microblogging cambia el ecosistema de todos los blogs'.

A defesa de uma alternativa via Twitter referida por Orihuela a propósito do caso de roubo de identidade de Van Der Henst, e a possibilidade do 'passaroco' vir a constituir uma plataforma de eleição na gestão da comunicação de crise, parece pouco consistente e convincente, sobretudo por não salvaguardar as particularidades de cada um dos meios (blogs e microblogs).

Encinar equaciona a 'alteração do ecosistema blogueiro' de uma forma mais clara:

"A limitação de 140 caracteres é uma grande vantagem

Se alguém me tivesse apresentado um projecto de microblogging, a limitação dos textos ter-me-ia parecido pouco razoável 'Porquê limitar os textos? Se alguém quer escrever mais de 140 caracteres deixem-no. Internet é o mundo da liberdade e não faz sentido criar barreiras e limitações desnecessárias'.

Não teria estado mais equivocado. A limitação forçada de caracteres tem grandes vantagens que não são aparentes à primeira vista:

- Não interessa escrever algo curto. Num blog, parece escrever apenas uma frase. Escreves menos posts mas mais longos. Microblogging é mais fácil e imediato, ideal para ser o primeiro a dar uma notícia

- Não tens que dar explicações nem justificações nem considerações prévias, toda a gente entende que não há espaço

- Força-te a falar sem verborreia, a eliminar palavras desnecessárias e a ir ao detalhe

- Percebes a ideia do que alguém diz e rapidamente

- Quando lês microposts dos outros, sabes que todos vão ser do mesmo tamanho, é até fácil lê-los num telemóvel

- Não há necessidade de títulos, tags, posts relacionados, pingbacks nem nada similar

- É a forma ideal de assinalar um vídeo de que gostaste ou de chmar a atenção sobre uma notícia que leste. Não necessitas de um post no teu blog só para assinalar um vídeo do youtube

- É uma alternativa aos RSS para informar dos posts que vais escrevendo, mais rápido que qualquer leitor de RSS

A qualidade de todos os blogs melhora ao eliminar os mini-posts dos blogs

O outro aspecto interessante é como o microblogging de maneira indirecta melhora a qualidade dos blogs. (...) Muita gente escreve menos nos blogs, mas coisas mais interessantes. Em troca, podes seguir as suas ligações a coisas interessantes no seu twitter, se te interessa. O conteúdo dos blogs melhora assim de maneira indirecta, e vão sobrando apenas posts mais repousados e interessantes."

A exposição de Encinar é brilhante, porque explica, com clareza, não só as diferenças entre os meios e as narrativas a eles associadas, como também as sinergias que se criam entre ambos.

Fica mais claro, lendo Encinar, que os microblogs têm ritmos próprios e objectivos diferentes dos blogs, e que há seguramente espaço e razão para a co-existência.

Ainda não é desta que os blogs morrem...

16.2.09

Afinal o Twitter antes de nascer já existia!

Algo me tem andado a zunir na cabeça sobre esta correria desenfreada ao Twitter e afins.

Confesso-me fascinado pelas apropriações que os utilizadores fazem da aplicação, mas algo me fazia lembrar coisas que já tinha visto escritas há muito tempo: esta ideia dos 140 caracteres, do microblogging,...

Verifiquei que o Twitter nasceu em Março de 2006, e fui consultar (porque não?) os arquivos do Ponto Media, o blog de António Granado, referente ao mês de Fevereiro de 2006!

Em 27 de Fevereiro, por exemplo, A.Granado escrevia: "The Wall Street Journal vai juntar as suas redacções online e em papel." (a frase continha uma hiperligação para um artigo que entretanto já não existe). Menos de 140 caracteres, concretamente 71, para dar a notícia...!

Exemplos como este em Ponto Media são inúmeros, como se sabe.

E eu pensei: o António Granado podia ter criado o Twitter! O microblogging pelo qual enveredou no seu blog, não é, maioritariamente, mais do que a resposta à pergunta dos homens do passaroco: "What are you doing now?"!

Felizmente que as respostas de A. Granado a esta pergunta constituem um inestimável legado de informação relacionado com o jornalismo e com o jornalismo online.

O que me faz confusão é ler as mesmas coisas no Twitter e no Ponto Media...

15.2.09

Guglar, tuitar e feicebucar...

A transformação de nomes próprios em verbos é corrente na língua inglesa na era digital. Os neologismos nascem como cogumelos, e os nomes das empresas são já pensados em função da sua transformação em verbo.

Dizer "I'm googling" ou "I'm twittering" ou até "I'm facebooking" já não escandaliza ninguém, de tal forma é necessário explicar, sem lugar a dúvidas, aquilo que se está a fazer (e duma forma bem mais simples do que "I'm searching on the Web using Google").

Second Life não foi um nome pensado para ser transformado em verbo!
Nunca ouvi dizer "I'm Second Living"...! Mas, por outro lado, é comum a utilização da expressão 'inworld' que permite que se fique a saber que quem a usa está, não apenas 'online', mas sobretudo 'no mundo' virtual da Linden Lab.
'Inworld' foi a forma de resolver a dificuldade da apropriação directa do nome da marca.

Em português, os neologismos adaptados também são frequentes: guglar ou tuitar já não escandalizam; feicebucar ou estar no mundo ainda são estranhos...

13.2.09

Imagens de Rosedale a falar para a TSF em Second Life

Depois de ter seguido a peça de Ricardo Oliveira Duarte e Herlander Rui na TSF ontem ao fim da tarde, consegui hoje ter acesso ao vídeo de Philip Linden aka Philip Rosedale a falar no 'estúdio' virtual da TSF em Second Life sobre o seu passado, o passado, e o presente, e o futuro de SL.

Se não seguiram a peça na rádio, vejam o vídeo!

12.2.09

Yes, Oui,...Kennn!

Ao rever o clip realizado por Joaquin Leon para a faixa 'Pornografía' da banda sevilhana Trisfe, descobri a inspiração para o 'claim' da campanha de Obama 'Yes, Oui,...Kennn!'

Voilá:


Trisfe Pornografia - For more amazing video clips, click here

11.2.09

Philip Rosedale na TSF fala de Second Life

Vai amanhã para o ar, a partir das 19:00 na TSF, 'A Segunda Pele', uma reportagem de Ricardo Oliveira Duarte e Herlander Rui em Second Life.


Na peça que passará na Telefonia Sem Fios, o avatar de Philip Rosedale é entrevistado e dá opiniões descontraídas e as primeiras a um meio de comunicação português sobre o passado e o futuro de Second Life.

"Aprender a dominar o Second Life é como andar apoiado apenas nas mãos e joelhos sobre vidros partidos" disse à TSF Rosedale citando uma amiga, e prometendo o investimento na Linden Lab que tornará prioritária a simplificação da aprendizagem.

Rosedale terá ainda confessado à TSF que Second Life não foi criado como rede social e que o rumo que a plataforma tomou nesse campo o terá surpreendido.

Não perca amanhã na TSF...


10.2.09

Como o Marketing vê Second Life e Twitter!

A revista de Marketing BtoB Online recém-publicou um artigo a que deu o título de "Porque é que Twitter vence Second Life" onde compara e analisa os dois produtos.

Vale a pena ler o artigo, para perceber como é possível, graças a uma forçada análise de Marketing, passar na floresta e não ver as árvores!

Reza a BtoB:

"Lembram-se de Second Life? Há dois anos era a coqueluche do marketing em b-to-b, e empresas como a Cisco Systems, IBM Corp. and General Motors Corp. construíram 'ilhas' no mais famoso mundo virtual.
(...)
Hoje quase não houve falar de Second Life. Continua por aí, mas a maioria das suas 'ilhas' comerciais já fechou. O interface de Second Life é muito complexo e muito voraz quanto às suas necessidades técnicas.
(...)
Quem tomou o lugar de Second Life no top da lista foi Twitter, um serviço público de mensagens que é o oposto de Second Life. Twitter é tão simples que o pode usar desde o seu telemóvel ou BlackBerry. Demora uns minutos a configurar, não tem software para instalar e é instantaneamente produtivo. Rapidamente está a emergir como a plataforma mais importante dos novos media sociais dos últimos dois anos.
(...)
O contraste entre estas duas prometedoras tecnologias de 'social media' permitem uma conclusão: Quando proliferam as opções mediáticas, a simplicidade vende."

A comparação entre Second Life e Twitter é, para iniciar, uma coisa assim meia estranha: um 'mundo virtual' e um 'serviço público de mensagens' são coisas substancialmente diferentes.

O que ambos têm em comum, segundo a BtoB, será o facto de que ambos se inserem na categoria dos chamados 'social media' (como Facebook, MySpace, Delicious ou Flickr), o que não constitui, por si só, uma justificação para a análise comparativa.

Por outro lado, é falsa a afirmação do abandono total de Second Life por parte das empresas. Algumas saíram, outras entraram, mas muito provavelmente tanto umas como outras fizeram-no porque perceberam as particularidades do meio, uma coisa que a BtoB ainda parece não ter entendido.

Eu não sou nenhum especialista de Marketing, mas arrisco dizer, no meio da minha ignorância na matéria, que não conseguir entender as linguagens e as formas de comunicar nos diversos meios é um erro crasso para um marketeer!

Mais ainda na crescente família dos 'social media', onde convivem propostas tão diferentes...
O mais preocupante é que a visão da BtoB é recorrente, e é comum verificar o discurso empresarial descambar para comparações fáceis e equívocas por falta de informação!

8.2.09

Um Plano Tecnológico assimétrico

O balanço do Plano Tecnológico do Governo de Sócrates foi hoje publicado no Público com uma brilhante infografia de José Alves.

Uma das grandes apostas eleitorais de Sócrates (recém-reforçada com a epopeia-Magalhães), tem resultados nem bons nem maus, antes pelo contrário.
Dizem os especialistas que não se deve parar, que o ritmo deve ser mantido.

Fiquei sem perceber se, a manter o tal ritmo, os resultados vão ser excelentes, ou se serão ainda mais do tipo nem bons nem maus!

Os números considerados mais positivos (de acordo com as metas):

- diplomados em Ciência e Tecnologia: meta de 12% em 2010, e em 2006 já ia em 12,6%!
- investigadores (por 1000 empregados): meta de 5,3% em 2010, e em 2007 já em 5,5%!
- artigos científicos (por milhão de habitantes): meta de 609 em 2010, em 2006 já ia em 667!
- marcas comunitárias registadas (por milhão de habitantes): meta de 50 em 2010, já ia em 119 em 2007!

Paralelamente, o números menos positivos dizem respeito às medidas socialmente mais 'estruturantes':

- recebem formação ao longo da vida (25-64 anos): meta de 12% em 2010, 4,4% em 2007!
- utilização regular da internet pelos indivíduos: meta de 60% em 2010, 38% em 2008!
- alunos por computador: meta de 5 em 2010, 9,5 em 2007!

Tendo sido as metas definidas para o ano de 2010, já não falta muito tempo para atingir os números da fórmula mágica do Plano que nos inferniza a cabeça há anos...

Numa leitura muito rápida do balanço, surge com mais clareza a ideia de que os avanços mais significativos foram sectoriais, muito específicos, e sempre associados à I&D. Por outras palavras, não serão esses números o reflexo das práticas universitárias nacionais (algumas delas de excelência), e não o espelho de uma sociedade civil mais letrada tecnologicamente?

Perigosas assimetrias...

6.2.09

O povo é quem mais ordena!

Não é em Grândola, é no Twitter!

E o 'povo' são aqueles gajos todos à volta dos tecnólogos e 'geeks'.

E é esse o 'povo' que manda no Twitter, não os tecnólogos nem os 'modelos de negócio'!
E manda tanto, que já há contas no Twitter como estas (as minhas preferidas da lista do 'Search Engine Marketing Group, via dica de A.Granado):

/laundryroom > uma conta do Olin College's West Hall que serve para gerir a disponibilidade das máquinas de lavar e secar e os dispensadores de preservativos de uso comum.

/askastripper > é mesmo uma conta onde se faz o que vem no título: perguntas a uma stripper! A satisfação das curiosidades é publicada no blog com o mesmo nome.

/missingchildren > uma conta criada para publicar o maior número possível de dados sobre crianças desaparecidas, como residência, descrição do desaparecimento, fotos, e notícias dos casos que acabam bem quando a criança aparece.

/goodcaptain > um projecto de escrita de uma novela via Twitter! De 140 em 140 caracteres se compõe a história, basta ter paciência para seguir os tweets dos mais antigos para o mais recente.

/amazon > esta conta tem a ver com a Amazon. Basta escrever o título ou ISBN de um livro que procura, e recebe todos dados sobre a obra.

Como se percebe, ideias não faltam, e o tal 'povo' vai continuar a fazer da Web 2.0 aquilo que quiser...
E que se lixem os tecnocratas 'modelos de negócio'!

4.2.09

A tendência autofágica da informação que circula

Foi já há 3 anos (!!!) que aconteceu o 3º Encontro Nacional e o 1º Encontro Luso-Galaico sobre Weblogs, no Porto, onde José Luis Orihuela perguntava: "Porque é que os weblogs (não) vão acabar em 2006?"...

À época, o desafio de Orihuela era interessante, divertido e de resposta óbvia: não, os blogs não vão acabar em 2006 (quanto mais não seja para que se possam organizar os Encontros seguintes, como veio a acontecer).

Mas os blogs, ou blogues, de que falava Orihuela, não são os mesmos de 2009! Nem podiam ser!
A blogosfera (uma espécie de bolha instalada algures no ciberespaço) perdeu muito do seu carácter corporativista para as redes sociais e para o chamado 'microblogging', até para os mundos virtuais...

A incontornável atracção da componente social no ciberespaço, continua a fazer com que as coisas mais estranhas aconteçam, e onde menos se espera...

As redes sociais mais conhecidas (Hi5, Orkut, Friendster,...) continuam a 'encher a barriga' de Facebook, que, por sua vez, se alimenta da sua principal aposta: a chamada 'interoperabilidade' com outras ferramentas inicialmente com funções distintas, como os mundos virtuais, os blogs e o microblogging (Twitter à cabeça)...

Na prática, tudo isto se manifesta numa complexa e intrincada teia de informação que segue os mesmos percursos até se alimentar dela própria: um verdadeiro caso de autofagia! Ou um mega cibercorpo de sistema venoso potencialmente explosivo!

Se publico no meu blog: "Não percam esta notícia do Público em http://tinyurl.com/codvb9", passados segundos, se eu quiser, tenho publicado o mesmo conteúdo no Twitter, no Google Reader ou no Facebook, por exemplo..., para quem me 'seguir'!

E repito: o mesmo conteúdo, os mesmos caracteres, a mesma narrativa, o mesmo formato...

Por isso há blogs que são microblogs (adoptando os famosos 140 caracteres do Twitter), e que amanhã serão nanoblogs...

Por isso há contas no Twitter onde se publicam apenas ligações a blogs, que, por sua vez, são microblogs iguais ao Twitter!!!

Na minha rede de 'amigos' em Facebook encontro toda esta informação, que sigo fielmente.
A mesma informação que encontro no Google Reader, as mesmas frases que me aparecem no Twitter, os mesmos feeds que obtenho em Second Life!

Esta tendência autofágica da informação que me circula pelas 'veias digitais', fica a dever-se ao pouco/escasso/inexistente cuidado que os cibercidadãos parecem ter quando usam uma linguagem específica...
As particularidades dos meios ao serem 'esquecidas' ou propositadamente 'miscenizadas', transformam a mensagem numa coisa sem piada, sem métricas próprias, semanticamente pobre...

2.2.09

As raízes 'vitruvianas' do Proyecto-i

Em vésperas de baptizado (Proyecto-i ainda é nome de código), o projecto jornalístico da equipa de Mario Táscon ganha forma... e função!

A tão divulgada triangulação entre robots, cidadãos e jornalistas que promete pôr a funcionar um renovado modelo jornalístico na Web, encontra curiosas semelhanças com as palavras de Vitruvius.

O arquitecto da Roma antiga que escreveu para Júlio César 'De Architectura' (aquele que viria a ser 'Ten Books on Architecture'), definia como essência de toda a obra arquitectónica o justo equilíbrio entre o firmitas, o utilitas e o venustas. Por outras palavras, o tal triângulo equilátero do Proyecto-i em cujos vértices se encontram robots (firmitas, a estabilidade, a robustez), cidadãos (utilitas, a função) e jornalistas (venustas, a forma).


O modelo vitruviano, aplicado à Arquitectura, deu origem às mais variadas apropriações, muitas vezes valorizando um dos eixos, e deformando o triângulo, que deixa assim de ter todos os lados iguais. Daí resultaram movimentos vários, valorizando ora a forma ora a função...

Com a equipa de Táscon, o triângulo promete manter-se equilátero. No entanto, firmitas, utilitas e venustas, facilmente 'deslizam' para o 'protagonismo', o que, a acontecer, desiquilibraria a paridade entre essas valências.

Tal como os escritos de Vitruvio, Proyecto-i é manifesto! Sobre ele cada um tomará partido...